domingo, 16 de junho de 2013



Primeiras influências

Fonte: Livro "História do Rio Grande do Sul", 
autoria de Telmo Remião Moure. Editora FTD Ltda. 1994


A culinária gaúcha resulta de várias influências que tem como ponto de partida os grupos indígenas que viviam no território onde hoje se localiza o Rio Grande do Sul. Com o tempo várias outras influências foram acrescentadas pelos espanhóis, portugueses, africanos e outros povos que construiram a história deste estado.

Os habitantes originais do território onde hoje está o Rio Grande do Sul estavam distribuídos entre três grandes grupos indígenas: os pampeanos (minuanos, mbohanes, guenoas, iarós, charruas e chanás), os gês (pinarés, botocudos, guaianás e caaguás) e os guaranis (caroguarás, tapes, arachanes e carijós).


 Após o início da ocupação européia, as epidemias e ação de bugreiros e bandeirantes nos séculos XVII e XVII foram eliminando estes índios destas terras e com os séculos outras etnias influenciaram o provo do Rio Grande do Sul.

Apesar destas perseguições, hábitos indígenas como o chimarrão e o fogo de chão influenciaram se mantiveram, bem como o aproveitamento do aipim, farinha de mandioca, abóbora, batata-doce, pinhão e pirão.


quarta-feira, 12 de junho de 2013



Aos amigos que chegam: o mate!





O brilhante gaúcho Luiz Carlos Barbosa Lessa, em seu livro Rio Grande do Sul - prazer em conhecê-lo: como surgiu o Rio Grande, publicado pela Editora AGE, diz: "Muito pouca era a gente, mas havia.", referindo-se aos índios que habitavam o que hoje conhecemos como o estado do Rio Grande do Sul, as mais meridionais terras brasileiras. 

Mesmo não sendo numerosos, se comparados aos atuais padrões de densidade populacional, estes índios marcaram a história da ocupação pelos Portugueses e Espanhóis das terras descobertas em 1.500 (segundo o ponto de vista do eurocentrismo, uma vez que descobertas estavam). São muitas as influências destes povos indígenas até os dias atuais, incluindo a culinária. Contudo, antes de fazer referência a qualquer iguaria de origem indígena, é na bebida legada por estes povos que vamos nos concentrar: o mate, também conhecido como chimarrão.

Há numerosas informações sobre o mate e os costumes que o cercam. Resumidamente, o mate é uma bebida preparada a partir de um macerado de folhas e talos de uma uma árvore (Ilex paraguariensis) servida numa cuia usualmente obtida a partir de um porongo. Possui propriedades revigorantes e digestivas, entre outras (os índios usavam o mate como forma de enfrentar a fadiga). Originalmente era sorvido usando uma taquara ou osso. Atravessou o tempo e ainda hoje é muito apreciado não somente no estado do Rio Grande do Sul, mas em outros estados e países vizinhos.

É um símbolo de hospitalidade e fraternidade entre os gaúchos atuais, presente na maioria dos lares urbanos e quase na totalidade dos lares rurais.

Voltaremos ao tema oportunamente.

terça-feira, 11 de junho de 2013


Dentre as maneiras de definir algo estão duas alternativas elementares: dizer objetivamente o que a coisa é ou, por via alternativa, dizer o que não é. Pois é esta via alternativa que está em minha mente neste momento em que faço o registro de abertura deste blog, no qual direi o que este blog é e o que pretende.

Antes de revelar o tema do Pratos da Terra, e que motivou sua criação, deixe-me dizer quem sou. Para tanto, usarei igualmente a via alternativa, dizendo o que não sou: não sou historiador, não sou antropólogo, não sou regionalista e não sou gourmet.

Não sendo historiador, embora me interesse os aspectos históricos da formação do povo gaúcho, frustrarei todo aquele que buscar nestes registros luzes sobre tais aspectos, embora não me furtarei em fazer referências confiáveis sempre que as circunstâncias me permitirem.

Não sendo antropólogo, não encontrará o leitor deste blog considerações sobre a evolução deste povo nestes pagos ao longo dos tempos, embora permanecerei sempre atento a poder fazê-lo.

Não sendo regionalista serei capaz de cometer equívocos em definições ou costumes ligados ao campo, especialmente onde a legitimidade de quem tem vivências nas práticas campeiras vier flagrar este urbano gaúcho da capital do Rio Grande do Sul.

Finalmente, não sendo gourmet, pouco poderei argumentar em favor das técnicas que eventualmente virei a recomendar, dado que são na sua maioria frutos colhidos nos pomares da internet e de outras fontes, pelo simples prazer que tenho pela culinária em geral, ultrapassando os limites do meu estado natal.

Assim, dizendo o que não sou e algo do que sou, reunindo as afirmações acima é fácil concluir que tratarei aqui, no limite das minhas limitações, de pratos da culinária gaúcha, trazendo sempre que possível, por pesquisa ou colaboração de interessados, aspectos históricos e evolutivos da cultura gaúcha, traduzidos pelos costumes deste povo do "garrão do Brasil", particularmente da sua culinária.